2020 veio depois de um 2019 difícil, eu tenho certeza que muitos esperavam por dias melhores. Porém, ninguém sabia que a China já vivia o maior pesadelo dos últimos tempos. Em fevereiro, o Brasil já tinha casos e, no mês seguinte já estávamos em quarentena. Até o dia 19, andei nas ruas, pois ainda estava trabalhando, mas eu andava sozinha. Sem nem uma alma amiga. Para mim, os momentos difíceis começaram no dia seguinte: meu pai entrou em home office, meu irmão teve as aulas suspensas e eu fui demitida. A quarentena ficou completa em casa.
O mundo parece que parou para o coronavírus. A televisão é uma mistura de pessoas falando do COVID-19: jornalistas, ministros, governantes, prefeitos, presidentes, até os participantes isolados do Big Brother Brasil foram informados da pandemia. No meio de todo o surto, ainda é preciso lidar com aqueles que não acreditam que é para tanto, que é “apenas uma gripezinha”. Desse grupo veio as brilhantes - ironicamente falando - frases: “Mas são apenas uns 5000 idosos que vão morrer”, “A economia não pode parar”, “Isola os mais velhos só”.
É comprovado que o vírus é muito mais letal para idosos e realmente a porcentagem de mortos em relação ao número de infectados é baixa. É estimado que 80% da população mundial contraia o vírus. Agora, também é comprovado que na realidade muitos vão morrer porque o sistema de saúde não vai comportar, mas não quero entrar nessa discussão hoje. Eu queria perguntar para essas pessoas: “Qual idoso da sua família você quer sacrificar para ser esses 10%?”.
Essa pessoa pode vir me falar que são apenas 10% dos infectados que vão morrer, mas eu não quero fazer parte dos que vão perder. Como disse meu pai, pode ser 1% da população que vamos perder, a agulha no palheiro, mas para quem perder vai ser 100%. Por isso, eu estou seguindo as orientações e ficando em casa para garantir o mínimo de 100%s que eu puder. Quem prefere salvar a economia, vê as mortes como 10%, mas quem preferir salvar vidas, vai ver as mortes como 100%.
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