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  • Foto do escritorThais Paiva

Um livro de histórias resumido em um panfleto

Atualizado: 4 de jan. de 2021

O documentário "Uma Noite em 67" transformou em uma narrativa a noite do Festival, porém por falta de detalhes acaba deixando o gostinho de “quero mais” no telespectador


A abertura de “Uma noite em 67” de Renato Terra e Ricardo Calil, documentário sobre o 3º Festival de Música Popular Brasileira já traz a música vencedora. Aos gritos de “já ganhou”, a música “Ponteio” de Edu Lobo realmente era uma das favoritas, mas o evento não ganhou um documentário apenas por isso. Para entender quais circunstâncias levaram a noite de outubro a possuir uma importância histórica é preciso analisar cada apresentação nos mínimos detalhes, desde roupas, instrumentos a reações.


O documentário leva um tempo para engatar num ritmo decente. No começo há uma tentativa de trazer os realizadores e organizadores como personagens, mas eles não são tão fortes. O primeiro momento que prende o telespectador deveria ser o clímax: a discussão sobre as vaias! O evento foi o pioneiro em transformar a platéia em personagens. Zuza Homem de Mello, técnico de som do festival, teve a brilhante ideia de instalar um microfone no teto para “sentir o público” e assim criou história.


É nítido no documentário como essa descarga de adrenalina do povo afetou os artistas, vide a reação de Sérgio Ricardo. Imagine que o país vivia em uma época de ditadura com muita censura, quando o povo se viu tendo voz, não mediram esforços para serem ouvidos.


O documentário caminha contando de maneira superficial a onda do fandom de Roberto Carlos e de Caetano Veloso. Porém, então entramos em Chico Buarque. Chico que apresentou uma de suas grandes obras, “Roda Viva”, é o primeiro a receber muito tempo de tela e o documentário parece outro. É como se tivesse mudado de canal para um documentário produzido por outras pessoas, e ele finalmente fica muito interessante. A relação dos artistas e da inserção da MPB no mundo do pop contemporâneo é uma discussão muito bem retratada.


Gilberto Gil então aparece em cena, na melhor transição, para se tornar o melhor personagem. Talvez por sua simpatia ou pela desenvoltura na fala que ele seja tão interessante de ouvir. Ele conta de suas ideias e apresenta “Domingo no parque” que conseguiu o segundo lugar no festival.


A onda do tropicalismo claramente não poderia ficar de fora e traz de volta Caetano Veloso que agora recebe seu momento e consegue mostrar quem é. Porém, dividindo espaço com Gilberto Gil não há quem ganhe, como os recentes Mutantes foram apresentados no palco ao seu lado.


Nos últimos minutos eles trazem Edu Lobo com sua vitoriosa, pode parecer desrespeito, mas não podemos negar que “Ponteio” ainda era uma música ‘de festival’, como eles mesmos citam no documentário, e não iria ganhar as ondas jovens e pop do tropicalismo de Gil e Veloso.


O resultado agradou seu maior público, a platéia, e os artistas entenderam. O documentário consegue finalizar as pressas a história, deixando de fora alguns artistas e passando muito rapidamente por outros.


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