“O Quarto dos Desejos” é um filme de suspense com uma ótima ideia: um quarto que pode lhe conceder tudo que você pedir
O filme de 2019, “O Quarto dos Desejos”, apresenta a história de um casal que acaba de se mudar para um casarão no meio dos Estados Unidos. Kate (Olga Kyrulenko) e Matt (Kevin Janssens) são jovens artistas, ele é pintor e ela é tradutora literária freelancer. Os dois possuem uma relação forte, mas machucada pelos dois abortos que a mulher sofreu. A casa para onde se mudaram é velha e precisa de algumas reformas, mas perfeita para um casal com pouco dinheiro. Durante a mudança, Matt encontra um quarto escondido e percebe que qualquer pedido feito dentro dele será realizado.
Então começa o desenrolar da história dirigida por Christian Volckman. Os dois passam um tempo se divertindo e sendo felizes com tudo que tem direito, até a realidade voltar a bater na porta deles. Matt começa a tentar descobrir como é possível o quarto existir. No final, esse mistério não é desvendado, assim como o mistério de quem construiu a casa. Porém, esse não é um ponto fraco do filme, os mistérios apenas nos deixam tão curiosos e assustados quanto os protagonistas.
O principal acontecimento é quando Kate pede o que mais deseja no mundo: um filho. Tudo criado pelo quarto dos desejos, quando sai da casa, envelhece rapidamente até virar pó. Eles descobrem isso na prática quando tentam sair com o bebê para fora e, mesmo voltando correndo para a casa, ocorre um loop de tempo e agora eles já tem um filho de uns 8 anos. O casal passa a se isolar na casa e a vida do menino é quase o enredo de “O Quarto de Jack” (2015). Por alguns meses, Kate vive como uma mãe dedicada até que a criança demonstra não ser tão normal. Nessa parte da história, temos até a sensação de um discurso filosófico sobre o Complexo de Édipo de Freud.
Para quem deseja assistir, não se iludam com um filme de terror, é um filme de suspense e paranoia. Você vai terminar com muitos pensamentos, teorias e dúvidas. A ideia de um quarto que realiza desejos é inovadora, mas faltou um bom roteiro e mais uns minutinhos de tela para trabalhar todos os pontos. Eu gostaria de ter visto mais sobre a mente do menino criado, ter adentrado mais seus pensamentos para entender a complexidade de suas relações com a “mãe” e com o “pai”.
Os roteiristas podem ficar orgulhosos pela ideia inovadora, pelo desenrolar fugir do clichê, mas faltou profundidade e um final melhor. Para finalizar, nos últimos 30 minutos assistimos diversas cenas que necessitavam de empatia para prender o espectador, mas apenas assistimos entendendo que está chegando ao fim. Quando enfim chega, o mistério de como é possível existir esse quarto e essa casa é muito mais presente do que o choque com o final apresentado.